Walber Virgolino endossa críticas a Hugo Motta e diz que fala de André Fernandes lavou a alma da direita

A recente polêmica envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos–PB), ganhou um novo capítulo após declaração do deputado estadual Walber Virgolino (PL), que saiu em defesa do deputado federal André Fernandes (PL–CE), opositor direto da conduta adotada por Motta no caso da deputada Carla Zambelli (PL–SP).

Durante entrevista ao programa Correio Debate, da rádio Correio 98 FM, nesta quarta-feira (11), Walber afirmou que a crítica feita por Fernandes em plenário "lavou a alma de muita gente", referindo-se à base conservadora e bolsonarista do país. "O deputado André Fernandes falou o que precisava ser dito. Ele falou por muitos deputados e por muitos paraibanos que se sentem traídos", declarou o parlamentar paraibano.

A manifestação de Virgolino ocorre em resposta ao episódio em que Hugo Motta afirmou publicamente que cumpriria a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a perda de mandato de Zambelli, sem submeter a questão ao plenário da Câmara. O posicionamento gerou forte reação entre aliados da deputada e integrantes da bancada de direita.

Na terça-feira (10), André Fernandes subiu à tribuna da Câmara para acusar Motta de não respeitar o rito constitucional. Segundo Fernandes, a decisão final sobre a perda de mandato de parlamentares deve ar pelo voto do plenário, como prevê a Constituição. "Me sinto enganado por ter apoiado Hugo Motta para a presidência da Casa. A base conservadora merece respeito", afirmou o deputado cearense.

A crítica pública de Walber Virgolino a Hugo Motta escancara o desconforto de parte da direita paraibana com o comportamento do presidente da Câmara, que é paraibano e até então mantinha trânsito entre diferentes campos políticos.

Para Walber, o episódio simboliza um momento de ruptura entre a base bolsonarista e lideranças que, segundo ele, se afastaram do compromisso com o eleitorado conservador. "Hugo escutou o que precisava ter escutado há muito tempo", disparou.

Decisão do STF e ime político

Carla Zambelli foi condenada pelo STF por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo, em episódio ocorrido durante a campanha eleitoral de 2022. A decisão gerou forte debate sobre a competência do Supremo para decretar a cassação de mandato parlamentar sem aval da Câmara.

O caso reacende a discussão sobre a autonomia do Legislativo diante do Judiciário e tem acirrado o clima entre os Poderes, além de evidenciar a divisão interna na Câmara, inclusive entre parlamentares da mesma base ideológica.

Com a pressão crescente da ala conservadora, Hugo Motta a a enfrentar um dilema político: manter a linha institucional de respeito às decisões judiciais ou ceder à pressão de aliados ideológicos e parlamentares influentes da direita.